sexta-feira, 9 de novembro de 2012







No dia 19 de outubro, o Centro Novas Oportunidades, promove a tertúlia “Portugal – Um retrato social", que terá início às 20:00, com a exibição do episódio “Mudar de Vida: O fim da sociedade rural", que retrata a sociedade contemporânea, urbana, que era ainda há pouco tempo rural,  explicando como se evidenciou o êxodo rural. Este episódio faz parte de uma serie documental, Portugal – Um retrato social, de António Barreto.
No final do documentário, irá haver espaço para um debate e uma reflexão sobre o tema, com a participação do Dr. Acácio Sousa, licenciado em história, mestre em estudos luso-asiáticos e doutorando em ciência política.
Esta tertúlia é destinada aos adultos que frequentam o processo RVCC de nível básico e secundário.


Reflexão de um adulto do grupo nº 8/2012 de Fátima de nível secundário



Mudar de vida: o fim da sociedade rural


O sociólogo António Barreto, neste documentário, retrata a nossa sociedade nos anos em que se dá uma mudança, diz-nos que esta mudança drástica é uma perda imensa para a nação; é óbvia esta realidade, mas faz parte de uma herança do nosso passado, da nossa paragem no tempo durante 48 anos de regime fechado, de medo. Se pensarmos que em 1910 cerca de 90 % do povo português era analfabeto, isto mostra o atraso a que o povo estava submetido em prol de uma minoria que tirava proveito disso, obviamente aqueles que detinham o poder. Após o 25 de abril há uma viragem enorme para a qual o povo não estava preparado, porém sabia que este era o momento, o vento da mudança.

Pessoas que veem uma abertura no tempo para poderem ter uma vida melhor, que era vista como se tratando de um último comboio ou a oportunidade nunca tida até ao momento e de repente ela está aí mesmo, à mão. Durante este documentário é este o sentimento que fica, o respirar livremente, o dissipar do medo, de falar, os tão falados “ventos de mudança”.

Porém, os portugueses e o país não estavam preparados para as duas realidades, pois, até há pouco, as suas vidas nas aldeias eram bem diferentes e a mudança para as cidades tem também as suas consequências, os que vêm do meio rural vão confrontar-se com novos desafios dos quais nunca tinham ouvido falar. Com esta brusca mudança até mesmo as pequenas cidades não estavam preparadas para os acolher, havendo falta de estruturas para tanta gente, faltando saneamento, serviços de saúde, escolas, correios, eletricidade em todas as casas, telefones e muitos outros meios necessários, passando estes a viver de forma precária. Com o tempo as cidades ficaram saturadas tornando a vida das pessoas bem difícil, as eternas horas nos transportes, nas filas de trânsito, o levantar muito cedo e o regresso a casa já de noite, o cansaço, vão desgastando este povo que tenta por todas as formas a tão desejada “boa vida” da cidade que o tempo vai negando, mas sem perder a esperança, que se não for no tempo deles será para os seus filhos. Mas não são só as pessoas, as cidades também sofrem com esta mudança, o crescer sem planeamento e sem regras, vão fazendo delas um lugar triste, feio e frio, tornando-se numa doença que não terá cura nos próximos tempos.

Os portugueses mudam de vida, dá-se o nascimento dos chamados subúrbios e com eles os bairros de barracas, este crescimento de aglomerados de habitações, muitos deles precários e clandestinos, sem as condições necessárias para habitar, nomeadamente: casa de banho, água e luz. 

É quase impossível imaginar viver nestas condições hoje em dia, quando temos eletricidade, água canalizada, gás, aquecimento e muitos outros objetos que fazem a nossa vida, de certa forma, mais cómoda e confortável, coisa que os nossos avós nem sonhavam que poderia ser possível.
Nos anos 90, toda esta situação se agrava, não havendo o cuidado de fazer uma planificação no território nacional para um crescimento sustentável das cidades, este plano, apesar de ser delineado, leva mais de uma década a ser posto em prática, não acompanhando o crescimento, mantendo-se os mesmos problemas, temos dificuldade em resolver certas questões, tão óbvias e primárias, porém havendo já um poder económico de uma sociedade que tinha deixado o campo. Alguns deles, poderemos dizer, que tiveram sucesso a nível monetário, mas não investiram na sua formação, muitos acharam que não tinham necessidade, pois a sua posição monetária era suficiente para resolver os seus problemas, os seus objetivos não estavam virados para o bem comum de uma sociedade.

Esta nova sociedade tem uma maneira muito peculiar de ver este tipo de assuntos políticos e sociais: são decisões para serem tomadas pela classe política, achando que o voto será o suficiente ou a única opção que lhes cabe, esquecendo-se que este ato é apenas uma pequena parte das suas obrigações como cidadãos, achando que os políticos, eles sim, devem resolver os problemas da sociedade, pelo menos assim tentam fazer crer ao povo. Mas com o decorrer dos anos acabamos por ver que nada fizeram, ou melhor, têm aumentado os problemas com políticas erradas, desonestas e agressivas para com o povo, levando este, ao fim de tantas décadas de trabalho árduo, a ter perdido o sonho de uma vida melhor.

Visto que muitos já não têm emprego na cidade, voltam aos meios rurais, de onde os seus avós tinham saído, este paradoxo é hoje uma realidade lamentável que mostra que o esforço feito por eles foi em vão.

O facto é que o povo deveria ter uma voz mais ativa, ser mais participativo nos problemas da sociedade, o povo é a chave para a mudança, a sua inércia levou a que os políticos tenham tomado decisões erradas, com as quais de uma forma ou de outra concordámos, levando a um retrocesso, provavelmente irremediável nas próximas décadas.

Este é o retrato de um crescimento não sustentável e de políticas desastrosas que vão ser para as novas gerações uma herança pesada.

Será que vamos ver um novo ciclo? Decerto é que vamos ter que mudar de rumo!

Será que passa por este começo?

- Mudar de vida: o começo da sociedade rural?

(autor: Jovino Gaspar Brites)


terça-feira, 28 de agosto de 2012

A aprendizagem… uma pequena reflexão!




A iniciativa Novas Oportunidades permite reconhecer e validar competências adquiridas ao longo da nossa vida. Muitas vezes não temos plena consciência desses saberes, mas é igualmente um processo de aprendizagem.

 
Acompanhar cerca de 100 adultos, dos quais 76 concluíram o processo, é de uma enorme satisfação pessoal por terem encarado este desafio como uma mais-valia para as suas vidas.

 
Alguns, muitas vezes, sentiram vontade de desistir, pois o trabalho a realizar em tão pouco tempo era “assustador”. Confrontados desde o primeiro dia, com o enorme trabalho e esforço que lhes estava a ser pedido era motivo para “desanimar”, mas com as palavras de encorajamento e a força de vontade de ultrapassar mais uma etapa, lá se foram fazendo todos os passos necessários para chegarem à conclusão do processo com um sorriso especialmente inspirador para um futuro melhor.

 
Foram meses de intenso e árduo trabalho para candidatos a certificação e para a equipa que os acompanhou, apoiou e incentivou a percorrer outros caminhos na aprendizagem ao longo da vida, desde de apostarem mais na leitura como forma de melhorar a língua portuguesa, a utilizar “sem medo” o computador e a frequentarem formações que lhes possam melhorar o desempenho, não só como profissionais mas igualmente como seres humanos.

 
Existiram também momentos de descontracção, como forma de partilhar dúvidas, conhecimentos e se incentivarem uns aos outros.

 
O resultado final é sempre um marco inesquecível, pelo que este processo ficará sempre nas vossas memórias como um “barco” que vos permitiu a partilha de conhecimentos, de contactos, de criação de laços de amizade e melhorar a auto-estima.

A todos que viram certificadas as suas competências, mais uma vez, muitos parabéns pelo marco alcançado, aos que ainda se encontram em processo e aos que eventualmente se irão inscrever, aqui fica uma palavra de incentivo para “embarcar” neste caminho que também vos enriquece na aprendizagem e enriquece igualmente a equipa que vos acompanha!

Estamos sempre a aprender, a vida é uma escola e parar é morrer!



A Profissional de RVC de Nível Básico

Sandrina Henriques


Exemplo de um momento de confraternização










quarta-feira, 25 de julho de 2012

O perigo de escolher cursos que estão na moda

QUANDO UM MECÂNICO GANHA MAIS QUE UM CHEFE DE COZINHA

Restrinjo este meu breve pensamento apenas aos cursos profissionais de nível IV. Porque são privilegiadamente aqueles com que trabalhamos nas escolas Insignare, porque são os que melhor conheço. Todos os anos assistimos a momentos de elevada indecisão e expectativa por parte dos jovens que nos procuram. 

Com uma média de idades a rondar os 15/16 anos, são colocados perante o dilema de optar por um curso que na generalidade marcará definitivamente a continuidade do seu percurso académico a nível superior ou o abraçar de uma profissão para boa parte da vida. Sim, apenas para boa parte, porque isto de profissões para a vida é coisa que me parece já não existir. E é neste momento tão decisivo das suas vidas que os jovens são confrontados com uma imensa diversidade de opções, algumas delas ajustadas à formação dos docentes existentes nas escolas e propostas apenas com a finalidade de garantir a manutenção dos postos de trabalho, outras enquadradas em discutíveis critérios superiores que definem a sua prioridade, outras tão só, porque estão na moda e garantem uma forte adesão por parte dos jovens. 

E é sobre este último aspecto que agora me importa refletir. Já lá vão vinte anos em que aqui iniciámos a oferta de formação nas áreas da Hotelaria e do Turismo. Relembro a relativa facilidade com que conseguíamos a adesão de alunos para o curso de Receção, menos para o curso de Restaurante/Bar e era tarefa quase impossível convencer um jovem (e sobretudo a sua família) de que a profissão de Cozinheiro tinha bons níveis remuneratórios e uma grande empregabilidade. Duas décadas depois como é tão diferente a realidade. O mediatismo conseguido pela área de Cozinha colocou a profissão e os cursos que a ela conduzem no topo das preferências e basta analisar os dados recentes na Escola de Hotelaria de Fátima. Para trinta vagas disponíveis no curso de Cozinha/Pastelaria inscreveram-se cem jovens. Mas o verdadeiro problema não está na forte adesão verificada na EHF, que por sinal é uma escola especializada nas áreas da Hotelaria, Restauração e Turismo, o problema está na multiplicidade de ofertas que pulverizam o território nacional. 

Corre-se o sério risco de que a médio prazo a oferta de trabalho exceda largamente a procura e que uma profissão reconhecida e razoavelmente remunerada perca tudo aquilo que lhe custou tanto a conseguir. E tudo por excesso, por mediatismo, por moda. Em simultâneo oferecemos na Escola Profissional de Ourém os cursos Manutenção Industrial e Metalomecânica. Garantem plena empregabilidade e níveis remuneratórios médios semelhantes a um Chefe de Cozinha. A oferta por parte das escolas é escassa e a procura dos alunos relativamente baixa. O curso de Metalomecânica consegue até o feito heróico de ter na EPO a única oferta de todo o território de Lisboa e Vale do Tejo. E tudo isto porque não estão na moda. 

Vivemos hoje tempos difíceis e por isso aconselho os jovens a analisarem bem todas as ofertas que têm ao seu dispor, recolhendo toda a informação e aconselhando-se com aqueles em que mais confiam. E sobretudo que não embarquem em facilidades e modas.

Francisco Vieira
Diretor Executivo da Insignare

sexta-feira, 6 de julho de 2012

"Entusiasmo e satisfação foi o que senti..."

Entusiasmo e satisfação foi o que senti, ao longo de toda a elaboração do processo de RVCC. Independentemente da área, pois todas me despertaram um interesse diferente, não só para o dia-a-dia, mas também para o futuro.
Senti, igualmente, muita alegria ao reviver cada um dos momentos do meu passado, tendo chegado à conclusão que apesar de ter deixado de estudar cedo, ainda assim, existe uma certa riqueza na minha vida, principalmente na área da cidadania.
Adquiri competências com as quatro áreas:
Linguagem e Comunicação, uma das áreas em que tive algumas dificuldades, principalmente na construção de frases, na leitura, fazer discursos, foi importante tudo o que aprendi, porque agora já é mais fácil comunicar com as pessoas e também escrever, fazer a pontuação, construir as frases, analisar textos, etc.
Na Matemática para a Vida foi outra área na qual tive dificuldade, talvez por não a utilizar com tanta frequência, mas com a aprendizagem que tive, consegui realizar as tarefas pedidas, foi gratificante, agora já consigo realizar cálculos e usar adequadamente a máquina de calcular.
Das Tecnologias de Informação e Comunicação gostei, pois aprendi a trabalhar no Word, no Excel, PowerPoint e a pesquisar na Internet.
Cidadania e Empregabilidade foi uma área que me ajudou a compreender os meus direitos e deveres como cidadão. A forma como me relaciono com as outras pessoas, como trabalhar em grupo.
Em todas as áreas adquiri competências e experiência com os trabalhos desenvolvidos ao longo das sessões. É na conclusão que afirmo que valeu a pena ter abraçado esta oportunidade, uma vez que enriqueci culturalmente, a minha vida pessoal, e profissionalmente. Tudo isto só foi possível graças à dedicação e profissionalismo da técnica e formadoras que foram incansáveis.

A todas o meu muito obrigado.

Francisco Carmo
Certificado com o nível básico - 9º ano

quinta-feira, 5 de julho de 2012


No passado dia 2 de Julho, os adultos do grupo 2_2012, de Fátima, viram as suas aprendizagens adquiridas ao longo da vida certificadas. Foi um grupo exemplar, dedicado e muito empenhado. Parabéns a todos! Fica a recordação...



quarta-feira, 4 de julho de 2012

"Durante a execução do processo, deparei-me com temas muito diversificados e interessantes."

Elaborar o PRA não foi de todo fácil, a maior dificuldade foi encaixar cada tema no sítio certo. Muitas horas, muitos dias, assim como as férias de verão foram investidas neste longo processo. Alguns temas foram de pouca dificuldade para mim, uma vez que leio e tento aprender tudo, mas outros foram de grau de dificuldade alto, tive de fazer várias pesquisas, compará-las, pedir algumas opiniões à família e amigos para tentar chegar à melhor conclusão. Diversas vezes mudei grande parte do trabalho tentando que o mesmo não se tornasse cansativo e confuso para os avaliadores.
Hoje vivemos em comunidade e como trabalho diariamente com muitas centenas de pessoas, em especial crianças, é de máxima importância falar e escrever com correção, mostrar cultura variada, dominar as línguas, pelo menos o básico, são bons exemplos para os nossos jovens. No meu local de trabalho observo a sua surpresa quando, não sendo docente, consigo dominar algumas áreas, algumas delas nem sequer são abordadas nas disciplinas.
Tendo em consideração que após a apresentação pelos formadores das várias competências, fiquei sem fôlego e pensei: "isto é impossível, não vou conseguir!" Só não desisti porque a minha força interior e o meu orgulho não me permitiram. Parece-me correto neste momento ter chegado até aqui, depois de me ter sentido quase sozinha e de ter andado tanto tempo à deriva, sinto-me verdadeiramente vitoriosa.
Durante a execução do processo, deparei-me com temas muito diversificados e interessantes.
Neste momento, o meu projeto mais ambicioso é certamente a médio/longo prazo dedicar-me exclusivamente a trabalhar na minha área das terapias complementares e sentir que as pessoas saem do meu gabinete mais alegres, mais libertas e em paz. Neste momento a palavra está a passar de uns para outros, através daqueles que já conhecem o meu trabalho e sucesso e vou começar a ter um horário mais abrangente. Outra solução começa também por começar a marcar sessões regulares de grupo para meditação, pois muitas pessoas pedem-me para o fazer. A longo prazo, talvez a internet seja uma solução viável para maior divulgação do meu novo passo.
Conheço-me e sei que terei para todo o sempre de alargar os meus horizontes e conhecimentos, por conseguinte, a minha formação e os meus estudos vão prosseguir, só assim poderei dar continuidade ao meu processo de evolução na terra.
Um bem-haja a toda a equipa de formadores, a antiga e a nova, que se dedicaram de corpo e alma para que o projeto pudesse fluir, muitas vezes sem grandes condições e com sobrecarga de trabalho.
Namasté.

Darcília Rosado
Certificada com o nível secundário 

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Quero saber mais!




Foi muito gratificante

Atingir a meta a que me propus

Estou feliz e radiante

Pois o saber a outro futuro conduz



Nas Novas Oportunidades na “EPO”

Ajudei com grande empenhamento

Nunca me senti “tão só”

Tive bom acompanhamento



Com a Drª Dulce Maurício

Competente e bem simpática

Não fiz nenhum sacrifício

Em perceber a Matemática



A Drª Rute Ribeiro

Risonha como ninguém

Depois de assinar o texto

Escrevia: “Muito Bem!”



Linguagem e Comunicação

E mais Cidadania

Foram aulas de eleição

Dadas com muita alegria



Drª Sandra Costa, Marília

Sandrina e Ana Vazão

Estiveram no meu início

E na minha apresentação



Foi bom voltar à escola

Eu… o fiz com muito agrado

E tiro da minha sacola

A palavra ….Muito Obrigada



Celeste Faria
Adulta do processo de RVCC de 9º ano certificada em março de 2012